“Corações Divididos”
Do capítulo “Casamentos Proibidos” do livro O Lar Adventista, pág. 61-69
[Evangelismo do Namoro: Por Quê é Tão Perigoso? – Antes de ler o artigo abaixo, procure na Bíblia e estude os seguintes textos: II Cor. 6:14-7:1; Deut. 7:1-4; Gen. 24:3; Exo. 34:12-16; Núm. 25:1-3; I Reis 3:1 e 2; 11:1-6; I Cor. 7:39; I Cor. 7:10-16;Amós 3:7; 5:10; Mal. 2:11 e 12. Agora continue a leitura.]
Casamentos de Cristãos com Descrentes – Há no mundo cristão uma assombrosa, alarmante indiferença para com os ensinos da Palavra de Deus acerca do casamento de cristãos com descrentes. Muitos que professam amar e temer a Deus preferem seguir a inclinação de seu próprio espírito, em vez de tomarem conselho com a Sabedoria Infinita. Em uma questão que interessa vitalmente à felicidade e bem-estar de ambas as partes, para este mundo e o porvir, a razão, o juízo e o temor de Deus são postos de parte, permitindo-se que domine o cego impulso, a obstinada determinação.
Homens e mulheres de outro modo sensatos e conscienciosos, fecham os ouvidos aos conselhos; são surdos aos apelos e rogos de amigos e parentes, e dos servos de Deus. A expressão de um aviso ou advertência é considerada impertinente intromissão, e o amigo que é fiel bastante para pronunciar uma admoestação, é tratado como inimigo. Tudo isto é como Satanás deseja. Ele tece seu encanto em volta da alma, e esta se torna enfeitiçada, apaixonada. A razão deixa cair as rédeas do domínio próprio sobre o pescoço da concupiscência, a paixão não santificada toma o domínio até que, demasiado tarde, a vítima desperta a uma vida de miséria e escravidão. Não é este um quadro traçado pela imaginação, mas apresentação de fatos. Deus não dá Sua sanção a uniões que Ele proibiu expressamente.
São Positivos os Mandamentos de Deus – O Senhor ordenou ao Israel antigo a não se intercasarem com as nações idólatras ao seu redor: “Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos”. É dada a razão para isso. A Infinita Sabedoria, prevendo o resultado de semelhantes uniões, declara: “Pois fariam desviar teus filhos de Mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria”. “Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu para que Lhe fosses o Seu povo próprio, de todos os povos que sobre a Terra há”...
No Novo Testamento existem proibições semelhantes acerca do casamento de cristãos com ímpios. O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, declara: “A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor”. De novo, em sua Segunda epístola, escreve: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas diz o Senhor Todo-Poderoso.”
A maldição de Deus impende sobre muitas das ligações inoportunas e impróprias que são formadas nesta época do mundo. Se a Bíblia deixasse estas questões vaga e incertamente esclarecidas, então o caminho que muitos jovens de hoje estão seguindo em seus apegos uns aos outros seria mais desculpável. Porém as reivindicações da Bíblia não são meias injunções; requerem perfeita pureza de pensamento, de palavra e de ação. Somos gratos a Deus porque Sua Palavra é uma luz para os nossos pés, e ninguém se precisa enganar com a vereda do dever. Os jovens devem tornar sua ocupação o consultar-lhe as páginas e dar ouvidos aos seus conselhos, pois cometem-se sempre lamentáveis erros apartando-se de seus preceitos.
Deus Proíbe que Crentes se Casem com Descrentes – Nunca se deve o povo de Deus aventurar em terrenos proibidos. O casamento entre crentes e descrentes é proibido por Deus. Mas demasiadas vezes o coração não convertido segue seus próprios desejos, e formam-se uniões matrimoniais não sancionadas por Deus. Por isso muitos homens e mulheres se acham sem esperança e sem Deus no mundo. Mortas se acham suas nobres aspirações; por uma cadeia de circunstâncias, acham-se presos na rede de Satanás. Os que são dominados pela paixão e os impulsos terão amarga colheita a ceifar nesta vista, e sua direção pode dar em resultado a perda de sua alma.
Os que professam a verdade espezinham a vontade de Deus desposando incrédulos; perdem-Lhe o favor, e fazem dura a obra do arrependimento. O incrédulo poderá ser dotado de excelente caráter moral; o fato, de que ele ou ela não atendeu às reivindicações de Deus, e negligenciou tão grande salvação, é razão suficiente para que se não consume tal união. O caráter do incrédulo talvez seja semelhante ao do mancebo a quem Jesus dirigiu as palavras: “Uma coisa te falta”; aquilo era a coisa necessária.
O Exemplo de Salomão – Há homens pobres e obscuros cuja vida Deus aceitaria e tornaria cheia de utilidade na Terra e de glória no Céu, mas Satanás está operando persistentemente para derrotar Seus desígnios e arrastá-los à perdição mediante o casamento com pessoas cujo caráter é de tal natureza que eles como que se lançam diretamente atravessados na estrada da vida. Bem poucos saem vitoriosos desse emaranhado.
Satanás bem sabia os resultados que se seguiriam à obediência; e durante os primeiros anos do reinado de Salomão – anos gloriosos por causa da sabedoria, beneficência e retidão do rei – ele procurou introduzir influências que haviam de minar insidiosamente a lealdade de Salomão aos princípios e fazê-lo separar-se de Deus. E que o inimigo foi bem sucedido nesse esforço, sabemos pelo relato: “E Salomão se aparentou com Faraó rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de Davi”.
Formando aliança com uma nação pagã, e selando o pacto pelo casamento com uma princesa idólatra, rejeitou Salomão temerariamente as sábias providências que Deus fizera para manter a pureza de Seu povo. A esperança de que essa esposa egípcia se convertesse não foi senão uma fraca desculpa ao pecado. Em violação de um positivo mandamento de permanecer separado de outras nações, o rei uniu sua força com o braço da carne. [Sublinhado nosso].
Por algum tempo, em Sua compassiva misericórdia, Deus dominou esse terrível erro. A mulher de Salomão se converteu; e o rei, por uma sábia direção, poderia Ter feito muito para combater as forças do mal que sua imprudência pusera em operação. Porém Salomão começou a perder de vista a Fonte de seu poder e glória. A inclinação tomou ascendência sobre a razão. À medida que crescia as confiança em si mesmo, ele procurou cumprir os desígnios do Senhor ao seu próprio modo... [Sublinhado nosso].
Muitos professos cristãos pensam, como Salomão, que se podem unir com os descrentes porque sua influência sobre os que se acham no erro será benéfica; mas muitas vezes eles próprios, enredados e vencidos, cedem sua fé sagrada, sacrificam os princípios e separam-se de Deus. Um passo em falso induz a outro, até que afinal eles se colocam onde não podem esperar romper as cadeiras que os prendem.
A Desculpa – “é Favorável à Religião” – Alega-se por vezes que o incrédulo é favorável à religião, e é tudo quanto se poderia desejar para um companheiros, a não ser uma coisa: não ser cristão. Se bem que o melhor discernimento do crente lhe sugira ser inconveniente unir-se para toda a vida com uma pessoa que não partilha da fé, todavia, em nove casos em cada dez, triunfa a inclinação. O declínio espiritual começa no momento em que se proferem os votos no altar; o fervor religioso é arrefecido, e vão sendo derribadas uma após outra as fortalezas, até que se encontram ambos unidos sob a negra bandeira de Satanás. Mesmo nos festejos das bodas, o espírito mundano triunfa da consciência, da fé e da verdade. No novo lar não é respeitada a hora da oração. A noiva e o noivo preferiram-se um ao outro e despediram a Jesus.
Opera-se a Mudança no Crente – A princípio talvez o incrédulo não manifeste oposição; quando, porém, é apresentado à sua atenção o assunto da verdade bíblica, para que o considere, ergue-se imediatamente o sentimento: “Você casou comigo sabendo que eu era o que sou; não quero ser incomodado. Daqui em diante fique entendido que são proibidas as conversas sobre seus peculiares pontos de vista”. Caso o crente manifeste qualquer zelo especial com relação a sua fé, pareceria descortês para com aquele que não toma nenhum interesse na vida cristã.
O crente raciocina que, nas novas relações, tem de conceder alguma coisa ao companheiro de sua escolha. São patrocinados entretenimentos sociais, mundanos. A princípio com grande relutância de sentimentos por parte do crente ao fazer isto, mas depois o interesse na verdade vai se tornando cada vez menor, e a fé se transforma em dúvida e incredulidade. Ninguém haveria suspeitado que aquele outrora firme e consciencioso crente e consagrado seguidor de Cristo se pudesse tornar um dia duvidoso, vacilante, como agora é. Oh! A mudança operada por aquele matrimônio imprudente!
Coisa perigosa é formar uma aliança mundana. Bem sabe Satanás que o momento que testemunha o enlace de muitos rapazes e moças, põe um ponto final em sua história religiosa, em sua utilidade nesse sentido. Acham-se perdidos para Cristo. Poderão, por algum tempo, fazer um esforço para viver a vida cristã; todos esses esforços, no entanto, são feitos contra decidida corrente em sentido contrário. Outrora era para eles um privilégio e prazer falar acerca de sua fé e esperança; chegam, porém, a relutar para mencionar tal assunto, sabendo que aquele com quem uniram o destino não tem nenhum interesse no mesmo. Em conseqüência, perece no coração a fé na preciosa verdade, e Satanás tece insidiosamente em torno deles uma rede de cepticismo.
Arriscar os Gozos do Céu – “Podem dois andar juntos se não estiverem de acordo?” “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai que está nos Céus”. Quão estranho, porém, o que se nos depara! Enquanto um daqueles que se acham tão estreitamente unidos está empenhado em devoção, o outro vive indiferente e descuidoso; ao passo que um busca o caminho da vida eterna, o outro segue a estrada larga que conduz à morte.
Centenas de pessoas têm sacrificado a Cristo e ao Céu em conseqüência de haverem desposado um inconverso. Acaso pode ser que o amor e o companheirismo com Cristo seja de tão pouco valor para eles, que preferiram a companhia de pobres mortais? É o Céu tão pouco estimado, que estejam dispostos a arriscar seu gozo por alguém que não sente amor algum para com o precioso Salvador?
Unires-te a um incrédulo é colocares-te no terreno de Satanás. Ofendes o Espírito de Deus e perdes Sua proteção. Podem sujeitar-te a tão terríveis desvantagens na peleja da batalha pela vida eterna?
Pergunta-te a ti mesma: “Não desviará um marido descrente os meus pensamentos de Jesus? Ele é amante dos prazeres mais do que amante de Deus; não me levará a apreciar as coisas de que gosta?” A vereda para a vida eterna é íngreme e escabrosa. Não tomes sobre ti fardos além dos necessários, que retardam o teu progresso.
Um Lar de Onde Nunca se Levantem as Sombras – O coração anela o amor humano, mas esse amor não é bastante forte, ou bastante puro, ou precioso bastante, para suprir o lugar do amor de Jesus. Unicamente em seu Salvador pode a esposa encontrar sabedoria, força e graça para enfrentar os cuidados, responsabilidades e tristezas da vida. Deve constituí-Lo sua força e guia. Que a mulher se entregue a Cristo antes de se entregar a qualquer amigo terreno, e não assuma nenhumas relações que entrem em atrito com isto. Os que encontram a verdadeira felicidade, precisam da bênção dos Céus sobre tudo que possuem e fazem. É a desobediência a Deus que enche de miséria a tantos corações e lares. Minha irmã, a menos que desejes ter um lar onde nunca se levantem as sombras, não te unas com um homem que é inimigo de Deus.
O Raciocínio do cristão – Que deve fazer todo crente quando levado a essa posição probante para a solidez dos princípios religiosos? Com firmeza digna de imitação, ele deve dizer francamente: “Sou um cristão consciencioso. Creio que o sétimo dia da semana é o Sábado bíblico. Nossa fé e princípios são tão diversos que levam a direções opostas. Não nos é possível ser felizes juntos, pois se prossigo em adquirir mais perfeito conhecimento da vontade de Deus, tornar-me-ei mais e mais diferente do mundo, e mais me assemelharei a Cristo. Se você continua a não ver nenhuma beleza em Jesus, nenhuma atração na verdade, amará o mundo, que eu não posso amar, ao passo que eu me deleitarei nas coisas de Deus, a que você não pode Ter amor. As coisas espirituais discernem-se espiritualmente. Sem discernimento espiritual você será incapaz de ver os direitos que Deus tem sobre mim, ou de avaliar minhas obrigações para com o Mestre a quem sirvo; então você achará que o negligencio por causa de meus deveres religiosos. Não se sentirá feliz; terá ciúmes da afeição que consagro a Deus; e sentir-me-ei só em minha crença religiosa. Quando se mudarem seus pontos de vista, quando seu coração atender aos reclamos de Deus, e aprender a amar a meu Salvador, então poderemos reatar nossas relações”.
O crente faz então por Cristo um sacrifício que sua consciência aprovará, e que mostra que ele estima a vida eterna demasiado alto para correr o risco de perdê-la. Sente que melhor lhe é permanecer solteiro do que ligar seus interesses por toda a vida com uma pessoa que prefere o mundo a Jesus, e que o buscaria levar para longe da cruz de Cristo.
Uma Segura Aliança Matrimonial – Só em Cristo é que se pode com segurança entrar para a aliança matrimonial. O amor humano deve fazer derivar do amor divino os seus laços mais íntimos. Só onde Cristo reina é que pode haver afeição profunda, verdadeira, altruísta.
Quando um dos Cônjuges se Converte Depois de Casado – A pessoa que entrou para a relação matrimonial quando ainda não convertida, coloca-se pela sua conversão sob uma obrigação maior de ser fiel à pessoa consorte, por mais que difiram com respeito à fé religiosa; todavia, as exigências de Deus devem ser postas acima de toda a relação terrena, mesmo que provas e perseguições possam ser o resultado. Com espírito de amor e mansidão, esta fidelidade pode Ter influência no sentido de ganhar o descrente.
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Igreja Adventista do Sétimo Dia (ASR)